Reconhecer os nossos erros

Posted by Cido on 5:01 AM 0 comentários





Podemos tentar inverter um fato para justificar aquilo que não pode ser justificável

Reconhecer que erramos é uma ato digno de condecoração, pois embora seja um gesto simples, ele mexe com o nosso brio.
A atitude de nos isentar daquilo que fizemos de errado é quase que instintiva e que poderíamos dizer que surge num ato de autodefesa. Entretanto, ao contrário daquilo que poderia ser uma característica da perspicácia de alguém, traduz-se num ato nada honroso.
Percebemos, ainda, que tal procedimento tem feito parte da vida de muitas pessoas e se nós não estivermos atentos a essa necessidade de mudança, facilmente podemos, também, nos acostumar com o artifício da dissimulação.
Admitir o nosso “passo em falso” é expor a outros a nossa fraqueza e limitação, as quais, podem ser, muitas vezes, constrangedoras; especialmente, pelo fato da gente ter tido, o conhecimento das consequências e riscos de determinado gesto.
Lembramos que das nossas peraltices de criança, o medo da punição ou imaginando a falta de compreensão da parte de nossos pais, tentávamos esquivar das suspeitas ou simplesmente desviar a culpa para alguém inocente, neste caso, o irmão mais novo ou um amiguinho.
O fato de alertarmos uma criança, por exemplo, do perigo em colocar o dedo na tomada, estamos tentando preveni-la sobre a possibilidade de receber um choque elétrico. Mas isso não vai evitar que, na sua curiosidade, a criança venha a fazê-lo. Contudo, na possibilidade dela experimentar as consequências dos seus erros, o adulto a sentencia, culpando-a pelo ato – o qual para ela já seria vergonhoso – uma vez que já  teria sido alertada.
Como pessoas adultas, talvez, o medo de uma punição para aquilo que seria o nosso erro, seja o fator menos importante,  que teríamos de digerir.
Certamente, de alguma maneira, articularíamos uma desculpa para justificar o “ato falho” nos eximindo de qualquer culpa. Ao contrário dos tempos de crianças, desta vez, nossos argumentos seriam muito mais elaborados.
Percebemos essas artimanhas, quando acontece, uma discussão de trânsito; seja por uma colisão ou manobra arriscada. Quase sempre, o motorista sai do carro se justificando, acusando o outro como imprudente, mesmo que ele próprio tenha sido o causador do acidente.
Pode parecer, que tal atitude tenha como tentativa aquela de ocultar a vergonha de quem se julgava um exímio motorista ou de quem se julga acima da lei, com “autoridade” para errar.
Não obstante, mesmo dentro de nossas convivencias, vez ou outra, podemos tentar inverter um fato para justificar aquilo que não pode ser justificável…
Costumamos dizer que aprendemos com as nossas falhas. Mas para que esses descuidos se tornem, verdadeiramente, material de aprendizado, o primeiro passo para tal formação seria de admitirmos nossa culpa ou erro, assumindo os fatos.
Quando colocamos “camuflagens” sobre as nossas falhas, na verdade, desenvolvemos a capacidade de culpar a outros. Com isso, infelizmente,  não nos preocupamos em evitar a reincidência do ato,  mas em melhorar as táticas de defesas ainda que essas venham a se tornar cada vez mais sórdidas, sem medir as consequências sobre quem podemos estar prejudicando.

Um abraço
Dado Moura